No Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, conheça a história do João Saci
08.04.19O Hoje
João teve a doença cinco vezes, perdeu uma perna e um pulmão, e, atualmente, é atleta de crossfit
O Dia Mundial de Luta Contra o Câncer é celebrado nesta segunda-feira (8). A data, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como objetivo conscientizar a população sobre a enfermidade, que é atualmente a segunda causa de morte no mundo.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer é composto por um conjunto de 100 doenças que possuem, em comum, o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos do corpo. Ainda de acordo com o INCA, essas células são muito agressivas e incontroláveis, o que causa a formação de tumores.
No Brasil, estima-se que entre 2018 e 2019 serão 600 mil novos diagnósticos da doença. De acordo com o cirurgião oncológico e diretor técnico do Hospital de Câncer Araújo Jorge, Roberto César Cândido Fernandes, os principais fatores de risco para o câncer estão relacionados, primeiramente, com a idade, o sedentarismo, a obesidade, ao consumo excessivo de bebida alcoólica e a prática do tabagismo.
“A população está superando a expectativa de vida. Em 1940, esperávamos viver por 40 anos. Já em 2019, estamos vivendo acima dos 70. Apesar de termos câncer em crianças e recém nascidos, o principal fator é a idade, quanto mais à sociedade envelhece, mais ela desenvolve a doença”, afirmou o médico.
Além desses fatores, os processos de industrialização e urbanização, conhecidos também como a vida moderna, são considerados fatores importantes no desenvolvimento da enfermidade. O oncologista ressaltou que o tabaco é uma das principais causas de morte por câncer: “O tabaco é um dos principais fatores de morte. Atualmente, a nova forma de tabagismo é o narguilé. E, só saberemos o impacto desse ato nos próximos 15 ou 20 anos. No Araújo Jorge, morriam três pessoas por dia, uma delas era por causa do cigarro. Além disso, a obesidade está relacionada, pelo menos, com 15 tipos de cânceres. Mais de 50% da população brasileira é obesa”, afirmou.
O cirurgião destacou também que o consumo do álcool, associado ao uso do tabaco, está relacionado com alguns tipos de cânceres de cabeça e pescoço, tendo como sintomas: caroços na região do pescoço e feridas na boca que demoram muito a cicatrizar.
Segundo o médico, os cânceres de próstata, pulmão, mama e colorretal são os mais frequentes entre os brasileiros. Além disso, o especialista adverte que o câncer de próstata é mais comum em pacientes negros e o de mama estão relacionados também a fatores hereditários. De acordo com a OMS, 14 milhões de pessoas descobrem a doença todos os anos. A organização calcula que esse número deve crescer 70% até o ano de 2038.
O médico explicou que o câncer é uma doença que provoca muito sofrimento, principalmente nos casos avançados. Roberto pontuou também, que no país, a enfermidade ainda é vista com muito estigma, o que atrapalha no diagnóstico precoce da doença. “A descoberta em fase inicial da doença pode ser curada em até 100% dos casos”. Além disso, o oncologista explicou que não se deve esperar por sinais de qualquer doença. “Deve se realizar exames preventivos, de acordo com as etapas da vida e idade. Qualquer alteração no corpo, um caroço, uma ferida na pele, na boca, na mama, já é um alerta e um médico deve ser procurado”, enfatizou.
O tratamento do câncer pode ser realizado por meio de cirurgias, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea. O método é indicado pelo especialista conforme o tipo de câncer identificado. Em muitos casos, é necessário combinar mais de uma modalidade.
Importante
O câncer de pele é o mais comum no Brasil. O especialista, cirurgião oncológico, Roberto César Cândido Fernandes, disse que esse tipo de câncer, em específico, mata menos, e que por esse motivo, pouco se fala sobre ele. “Entre 600 mil novos casos esperados entre 2018 e 2019, 160 mil são de pele. O principal fator desse câncer é a exposição solar. No caso do trabalhador rural, por exemplo, ele fica exposto ao sol desde criança, o que pode causar no futuro a evolução para a doença”, explicou.
“Quando recebi a notícia pela primeira vez, foi como se meu mundo tivesse acabado”
Pensando nessa data, a equipe do jornal O Hoje, convidou o atleta João Carlos Rodovalho, mais conhecido como João Saci, para contar a sua história com o câncer. O ex-nadador paraolímpico teve a doença cinco vezes. Precisou amputar uma perna, perdeu um pulmão, e, atualmente, faz exercícios de crossfit.
Durante a entrevista, Saci contou como foi a descoberta da doença e como lida com a situação. “Quando recebi a notícia pela primeira vez, foi como se meu mundo tivesse acabado. Um turbilhão de emoções tomou conta de mim e eu não sabia o que fazer. Pensava, apenas, que tinha que lutar contra uma doença que ainda é um estigma para muita gente. Sabia que deveria seguir em frente”, relatou.
João Saci revelou, ainda, que se sentia doente apenas no momento no qual era submetido à quimioterapia. “Quando eu não estava nesse processo fazia as coisas normalmente. Passeava no shopping, tinha vários momentos de lazer”, explicou.
Recentemente, João Saci escreveu o livro ‘Nascido Para Vencer’, onde ele relata toda sua história com o câncer, suas dificuldades e como superou esse grande desafio em sua vida.